Ceará: mar e sertão

Ceará, terra de cangaceiro e de jangadeiro. Só isso já é o bastante para se ter uma visão do que está por vir em termos de gastronomia.

O Estado é resultado da colonizado por portugueses, com atuação especial dos jesuítas na catequização e pacificação indígena. Dessa forma, como em todo o Brasil, sofreu influência desses povos e dos africanos.

Castigado pelas secas que duravam (e duram) anos, o que dificultava o plantio e incentivava a imaginação, sua economia se baseou pelo charque, pelo couro, pelo algodão, entre outros.

Terra de antinomias, de gente sofrida e alegre, Ceará de praias, serras e sertões. Terra da família Alencar, do Antônio Conselheiro, do Dragão do Mar, do Padre Cícero, do Quintino Cunha, refúgio de Lampião (pernambucano), berço e inspiração de Rachel de Queiroz, de Belchior, de Fagner, personalidades de importância social, econômica, religiosa e literária.

Embora, por impulso, imagine-se primeiramente uma culinária baseada em frutos do mar, o que não está incorreto, a riqueza do território nordestino é bem mais ampla, afinal não só de peixe e camarão se vive o cearense, sua imaginação já foi mencionada.

Carne de carneiro e de bode, baião de dois, tapioca, sarapatel, galinha à cabidela (ao molho pardo), paçoca, queijo coalho, feijão verde, sem falar da cachaça para acompanhar isso tudo. E tem mais, agora as frutas: caju, murici, jenipapo, sapoti, graviola, pitomba, cajarana, seriguela e, para arrematar, coco verde, gelado e docinho da praia.

Ah, só um aviso para o time dos “odeio coentro”, esse tempero, no Ceará, é igual cebola e alho, põe-se em tudo! Por isso, se não quiser, peça expressamente ao garçon.

Paçoca: carne de sol pilada com farinha. Acompanha bem baião de dois, feijão verde e vatapá (combinação característica nas festas juninas).

Foto: Gastrolândia

Feijão verde: geralmente adiciona-se nata ou creme de leite ao caldo do feijão, além de quadradinhos de queijo coalho e coentro. Normalmente consumido como entrada, não apenas acompanhamento.

Foto: tripadvisor

Carneiro cozido: preparação de peça de caneiro com bastante tempero. Interessante que o sabor da carne fica mais suave, em comparação com sua versão assada. Muito saboroso e apreciado.

Foto: Sabores da Cidade

Panelada: basicamente tripa de boi muito temperada e cozida. Muitos falam que cura até ressaca.

Buchada: feita de rins, fígado e vísceras do bode, temperadas, cozidas e, finalmente, guardadas em uma bolsa feita com o estômago do animal.

Sarapatel: vísceras e sangue de porco, bode ou carneiro.

Se pensar em torcer o nariz, saiba que todas essas receitas encontram correspondência em pratos típicos europeus, bastante requintados, inclusive.

Panelada. Foto: vós
Buchada. Foto: site tudoounadajuntoemisturado
Sarapatel. Foto: Tudo Receitas

Sirigado: embora não seja um prato típico, é um peixe de grande valor na região, uma espécie de badejo. Pescado nobre de posta alta e carne bem branca, feito na chapa ou na grelha, acompanhado de um molho simples de manteiga e alcaparras, não tem melhor.

Foto: Picanharia e Cia – Sobral

Passando brevemente uma seleção de frutas para inspiração.

Alguns locais que servem comidas típicas são:

Culinária da Van: Rua Waldery Uchôa, 230 – Benfica.

O Mar Menino: Av. Barão de Studart, 1043 – Aldeota.

Carneiro do Ordones: R. Azevedo Bolão, 571 – Parquelândia.

Lá na roça: Av. Eusébio de Queiroz, 4425 – Centro, Eusébio.

Cantinho do Frango: Rua Torres Câmara, 71 – Aldeota. Não se deixe enganar pelo nome, lá come-se de tudo. Não deixe de pedir o bolinho de feijoada.

Centro das Tapioqueiras: Av. Washington Soares, 10425 – Messejana.

Onde comprar:

Queijo Coalho: os do Raimundo do Queijo são os mais famosos, peça pelo queijo EMA, muito procurado e acaba logo cedo de manhã. Sua loja principal fica no centro da cidade, mas tem uma lojinha, cuidada pela filha, que fica à Av. Santos Dumont, 1267, Ed. Barros Leal-Entrada pela Rua Isac Meyer.

Castanhas: feirinha da Av. Beira-Mar.

Goma de tapioca fresca: em qualquer supermercado pode se achar a goma fresca, que fica nas gôndolas refrigeradas. A melhor marca se chama Dona Inês. Atenção, deve ser peneirada, salgada e mantida sob refrigeração sempre.

Em outros posts do site têm mais dicas sobre locais para degustar estas e outras iguarias.

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