EMPREENDEDORISMO EM TURISMO DE AVENTURA

CRIANDO SUA PRÓPRIA EMPRESA

ficha técnica

organização

Laboratório De Turismo Uamtour

M E DI TOMMASO VIAGENS E TURISMO - EPP, CNPJ 29.049.633/0001-76

Marcus Di Tommaso

ABETA - Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura

Luiz Del Vigna - Diretor Executivo

Bibliotecária responsável:

Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6 – 1047

produção de conteúdo e pesquisas

# Normas Técnicas ABNT NBR

# Relatório dos Acidentes

# Sustentabilidade em Meios de Hospedagem

# Norma Brasileira ABNT NBR 15401

Jéssica Soares Nunes Ribeiro

Bianca Pinheiro

Giulliana Tozzini

Luiza Bergamini

bruno andrade da silva

Paola Manacelli Cavalcanti

Rosângela Silva Reis

Natalia de Freitas Lima

Gabriela Monteiro da Silva

Laís Vieira dos Santos

6º semestre - UNIVERSIDADE DE TURISMO ANHEMBI MORUMBI

SUMÁRIO

noRMAS Transversais e Específicas - Turismo de aventura

SEGURANÇA NO TURISMO DE AVENTURA

Orientações Gerais

SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA

Um Pouco de História

normas de caráter geral

O que é o Sistema de Gestão da Segurança?

Importância do Sistema de Gestão da Segurança (SGS)

O Ciclo PDCA

Norma Brasileira ABNT NBR 15401

Normas para Meios de Hospedagem

Relatório 1

Relatório 2

Normas Técnicas ABNT NBR

noRMAS Transversais e Específicas - Turismo de aventura

01 - Ocupações

ABNT NBR 15285

Condutores – Competências de pessoal

Publicada em 29 de maio de 2015

02 - Gestão da segurança

ABNT NBR ISO 21101

Sistemas de gestão da segurança – Requisitos

Publicada em 24 de novembro 2014

ABNT NBR 15334 

Sistema de gestão da segurança – Requisitos de competências para auditores

Publicada em 30 de abril de 2006

03 - Informações a clientes

ABNT NBR ISO 21103

Informações a Participantes

Publicada em 24 de novembro 2014

04 – Terminologia

ABNT NBR 15500

Terminologia

Publicada em 24 de novembro de 2014

05 – Turismo com atividades de montanhismo

ABNT NBR 15397

Condutores de montanhismo e de escalada – Competências de pessoal

Publicada em 25 de setembro de 2006

ABNT NBR 15398

Condutores de caminhada de longo curso – Competências de pessoal

Publicada em 25 de setembro de 2006

06 – Turismo fora de estrada

ABNT NBR 15383

Condutores de turismo fora de estrada em veículos 4×4 ou bugues – Competências de pessoal

Publicada em 24 de julho de 2006

ABNT NBR 15453

Turismo fora de estrada em veículos 4×4 ou bugues – Requisitos para produtos

Publicada em 29 de dezembro de 2006

07 – Turismo com atividades de rafting

ABNT NBR 15370

Condutores de rafting – Competências de pessoal

Publicada em 31 de maio de 2006

08 – Espeleoturismo e turismo com atividades de canionismo

ABNT NBR 15399

Condutores de espeleoturismo de aventura – Competências de pessoal

Publicada em 30 de outubro de 2006

ABNT NBR 15503

Espeleoturismo de aventura – Requisitos para produto

Publicada em 16 de junho de 2008

ABNT NBR 15400

Condutores de canionismo e cachoeirismo – Competências de pessoal

Publicada em 11 de dezembro de 2006

09 – Turismo com atividades com uso de técnicas verticais

ABNT NBR 15501

Técnicas verticais – Requisitos para produto

Publicada em 16 de março de 2011

ABNT NBR 15502

Técnicas verticais – Procedimentos

Publicada em 16 de março de 2011

10 – Cicloturismo, Turismo Equestre e Turismo com atividades de caminhada

ABNT NBR 15505-1

Turismo com atividades de caminhada – Parte 1: Requisitos para produto 

Publicada em 18 de fevereiro de 2008

ABNT NBR 15505-2

Turismo com atividades de caminhada – Parte 2: Classificação de percursos

Publicada em 18 de fevereiro de 2008

ABNT NBR 15509

Cicloturismo – Parte 1: Requisitos para produto

Publicada em 13 de agosto de 2007

ABNT NBR 15507-1

Turismo equestre – Parte 1: Requisitos para produto

Publicada em 9 de junho de 2008

ABNT NBR 15507-2

Turismo equestre – Parte 2: Classificação de percursos

Publicada em 9 de junho de 2008

11 - Turismo com atividades de arvorismo

ABNT NBR 15508-1

Parques de arvorismo – Parte 1: Requisitos das instalações físicas

Publicada em 3 de março de 2011

ABNT NBR 15508-2

Parques de arvorismo – Parte 2: Requisitos de operação

Publicada em 3 de março de 2011

12 – Turismo com atividades de mergulho

ABNT NBR ISO 24801-1

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos

Parte 1: Nível 1 Mergulhador supervisionado

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 24801-2

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos

Parte 2: Nível 2 Mergulhador autônomo

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 24801-3

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos

Parte 3: Nível 3 Condutor de mergulho

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 24802-1

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de instrutores de mergulho autônomo

Parte 1: Nível 1

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 24802-2

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de instrutores de mergulho autônomo

Parte 2: Nível 2

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 24803

Serviços de mergulho recreativo — Requisitos para prestadores de serviços de mergulho autônomo recreativo

Publicada em 28 de janeiro de 2008

ABNT NBR ISO 11107

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos para programas de treinamento no mergulho com nitrox

Ar enriquecido (EAN)

Publicada em 27 de setembro de 2012

ABNT NBR ISO 11121

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos para programas de treinamento introdutório ao mergulho autônomo

Publicada em 27 de setembro de 2012

ABNT NBR ISO 13289

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos para conduta de atividades de snorkeling

Publicada em 27 de setembro de 2012

ABNT NBR ISO 13970

Serviços de mergulho recreativo – Requisitos para treinamento de condutores de snorkeling

Publicada em 27 de setembro de 2012

13 – outras normas

ABNT NBR ISO 20611:2019

Boas práticas de sustentabilidade

ABNT NBR 16760:2019

Turismo com atividades de canionismo e cachoeirismo

ABNT NBR 16707:2018

Turismo com veículos quadriciclos e triciclos

ABNT NBR 16708:2018

Rafting

 

SEGURANÇA NO TURISMO DE AVENTURA

Vantagens deste segmento em relação a empresa de turismo convencional.

A partir do início dos anos 90, houve expansão significativa na oferta de atividades de Turismo de Aventura no Brasil e, consequentemente, crescimento da preocupação do setor com os aspectos relacionados à segurança. Nesse cenário, o Ministério do Turismo liderou uma iniciativa para organizar e estruturar melhor o segmento e torná-lo prioritário quando o assunto fosse qualificação e políticas públicas para o desenvolvimento do turismo brasileiro.

O Turismo de Aventura é complexo e envolve diversas atividades, com níveis de risco e incidência de diversos perigos, que, por consequência, podem causar acidentes das mais diversas gravidades. O número de acidentes vinha crescendo juntamente com o crescimento da atividade e não foi difícil chegar à conclusão de que era necessário buscar formas de aumentar a segurança dos produtos oferecidos e baixar os índices dessas ocorrências.

A segurança no Turismo de Aventura envolve pessoas, equipamentos e procedimentos. Quando falamos de pessoas, referimo-nos aos clientes ou usuários, aos prestadores de serviços – guias ou condutores, auxiliares, operadores etc – e ao pessoal das organizações públicas envolvidas, tais como os parques nacionais, ou ainda ao pessoal das organizações que fazem resgates, por exemplo.

Há muitas atividades de Turismo de Aventura, contudo os aspectos ligados à segurança são dependentes da interação de quatro fatores:

  • pessoas
  • equipamentos / estruturas
  • procedimentos
  • fatores fortuitos, como intempéries e outros

Assim, compreende-se que para controlar os riscos e prevenir os acidentes devem ser abordados os quatro fatores. Nesse contexto, devemos também reconhecer que o grau de influência de cada um dos referidos fatores varia de atividade para atividade.

Por outro lado, nós temos interferência e controle sobre os três primeiros: pessoas, equipamentos e procedimentos. E é sobre esses tópicos que devemos concentrar nossa atenção e esforços com o objetivo de controlar os riscos e evitar acidentes. Em relação aos fatores fortuitos, devemos estar atentos e tomar medidas para minimizar ou eliminar os seus efeitos, mas claramente não podemos controlá-los.

A normalização e os procedimentos de avaliação da conformidade (*) (em particular a certificação) são instrumentos que têm se mostrado úteis e extremamente eficientes para lidar com a questão da segurança numa grande variedade de atividades humanas. É adequado que se recorra a eles para tratar da segurança no Turismo de Aventura. Para esse propósito, foi desenvolvida uma série de normas técnicas brasileiras com foco na segurança do Turismo de Aventura. Dentre essas normas, contam-se várias relacionadas às competências de condutores de diversas modalidades de Turismo de Aventura, a produtos turísticos específicos (como caminhadas, espeleoturismo de Aventura, cicloturismo, produtos de técnicas verticais, dentre outros), à classificação de percursos, as terminologias, as informações mínimas a serem fornecidas aos clientes e aos potenciais clientes e a um sistema de gestão da segurança.

 

(*)             Procedimentos de avaliação da conformidade são aqueles destinados a verificar que algum requisito especificado foi atendido, isto é, o que se definiu numa norma, regulamento, protocolo , contrato ou outro documento de referência, foi cumprido. Os procedimentos de avaliação da conformidade incluem inspeções, testes, exames, auditorias, certificações etc..

A norma de Sistema de Gestão da Segurança é fundamental, pois pode ser uma referência para todo prestador de serviços com personalidade jurídica. Além de operadoras, os atrativos turísticos organizados e aqueles que recebem os turistas nos destinos devem também estar envolvidos no esforço pelo aumento da segurança e pela certificação.

O desenvolvimento das ferramentas de normalização e certificação no Turismo de Aventura significa um salto tecnológico para o segmento.

A consolidação de padrões de referência, estabelecidos em normas construídas de forma participativa, cria a oportunidade de uma mudança de cenário na questão da segurança e da qualidade no Turismo de Aventura.

O modo participativo do desenvolvimento de normas técnicas ajuda a estabelecer uma cultura de qualidade e segurança entre os empresários e profissionais do setor e consagra os requisitos mínimos para toda a indústria do Turismo de Aventura, definindo um patamar de profissionalismo no segmento que cria a oportunidade de desenvolvimento estratégico e competitivo.

A ABETA espera que, com o aumento do nível de qualidade, segurança e profissionalização do segmento, tendo como referência as normas e com os incentivos de governo, impulsionados pelo crescente aumento de demanda e da competitividade, o Brasil esteja definitivamente entre os principais destinos de Turismo de Aventura do mundo.

A principal iniciativa nesse sentido foi o Programa Aventura Segura, executado pela ABETA em parceria com o Ministério do Turismo e o SEBRAE Nacional, que, sensíveis à necessidade de desenvolvimento do segmento, disponibilizaram recursos para a realização de diversas ações de fortalecimento institucional, qualificação de profissionais, qualificação de empresas, certificação, promoção e comercialização.

No Programa Aventura Segura foi inserido um processo denominado “Assistência Técnica”, para orientar as empresas de Turismo de Aventura na implementação ABNT NBR ISO 21101 – Turismo de Aventura – Sistema de Gestão da Segurança – Requisitos. Por meio de uma metodologia inédita e inovadora, isso ajudou mais de 180 empresas a adotarem a norma entre agosto de 2007 e fevereiro de 2009, preparando-se assim para a certificação. Grande parte desse manual foi possível graças à experiência e aprendizados acumulados durante esse período.

A garantia de que empresas seguem normas ou são certificadas pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (*), reconhecido internacionalmente, será um importante diferencial competitivo para alcançar e atrair o volumoso mercado internacional de turistas e viajantes que buscam viagens de aventura.

Por fim, convém citar que o estabelecimento de normas e processos de avaliação da conformidade são componentes essenciais e decisivos para se garantir um Turismo de Aventura seguro. Contudo, tal segurança não resultará exclusivamente da aplicação dessas ferramentas, mas, sim, de uma abordagem nacional e coletiva que inclua o envolvimento dos diversos atores e a intervenção de outros instrumentos, como os seguros, o fomento e o apoio à capacitação de pessoas, de empresas, de outras organizações e mesmo dos atrativos, constituindo-se, assim, num verdadeiro sistema de segurança do Turismo de Aventura.

(*)   O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC – é o sistema instituído no país para as atividades de avaliação da conformidade (ver nota anterior). Esse sistema é formalmente reconhecido pelo Estado brasileiro e conta com o Inmetro como o seu organismo central. Ver www.inmetro.gov.br

Orientações Gerais

O objetivo deste manual é fornecer informações e esclarecimentos sobre a Norma ABNT NBR ISO 21101 – Turismo de Aventura – Sistema de Gestão da Segurança – Requisitos. A leitura do documento, entretanto, não substitui a leitura da Norma, que é a referência básica para implementação do Sistema de Gestão da Segurança na sua empresa.

O Manual apresenta informações e exemplos para facilitar a compreensão dos requisitos da Norma, assim como a relação existente entre eles.

Para compreendermos a estrutura deste Manual, devemos saber que a Norma foi estabelecida com base em um modelo conceitual, cujo eixo central é atingir os objetivos planejados e a melhoria contínua do desempenho de uma organização. Esse modelo é conhecido como o ciclo PDCA (do inglês Plan, Do, Check, Act), que em português podemos traduzir como Planejar, Fazer, Verificar e Agir corretivamente.

A partir de Política de Segurança (Requisito 4), o texto da Norma apresenta os requisitos seguindo o ciclo do PDCA aplicado à segurança do Turismo de Aventura.

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De fato, a Norma consiste de uma introdução, na qual são discutidas algumas ideias relacionadas com a segurança no Turismo de Aventura e também os conceitos relacionados aos sistemas de gestão, inclusive o do PDCA. Depois, o capítulo 2 trata do objetivo e do campo de aplicação da Norma, isto é, a que se destina e em que situações se aplicam os requisitos da mesma. O Requisito 2 (Definições) apresenta o significado de alguns termos importantes para a compreensão da Norma. Vários desses termos são apresentados no Anexo 1 deste Manual.

 

Em Requisitos Gerais – Escopo do SGS (Requisito 3), essencialmente, o que se estabelece que a empresa deve definir claramente a que se aplica o sistema de gestão da segurança. Isso é chamado de Escopo do sistema. Logo a frente, estudaremos os requisitos de cada aspecto da Norma.

 

Em Política de segurança (Requisito 4) e Planejamento (Requisito 5) são ligados ao “Planejar”; O Requisito 6, Implementação e Operação, está ligado a implementação, ou seja, “O Fazer”. O requisito 7, Verificação e Ação Corretiva e Ação Corretiva, está ligado ao “Checar”; e por fim, o requisito 8, Análise Crítica pela Direção, corresponde ao “Agir corretivamente”.

 

O Manual está organizado de maneira a tornar mais fácil a compreensão da Norma. Assim, inicia-se por uma apresentação dos principais conceitos da Norma, como sistemas de gestão, gestão de riscos e do próprio sistema de gestão da segurança (capítulo 1).

 

No capítulo 2, apresenta-se uma explicação dos requisitos da Norma, com dicas e alguns exemplos. Esse capítulo está basicamente organizado conforme a sequência em que tais requisitos aparecem. Como única exceção a tal sequência, por razões didáticas, os requisitos relacionados a documentos e registros são apresentados no final do capítulo.

É importante destacar ainda que a Norma estabelece o que é necessário para que uma determinada empresa tenha um sistema de gestão da segurança. Estabelece os requisitos, que são as condições com as quais o sistema implantado deve estar de acordo (ou em conformidade). O capítulo 1, que se segue, apresentará uma descrição dos conceitos de Sistema de Gestão da Segurança e do PDCA. Por essa razão, não se deve considerar este Manual como a interpretação oficial da Norma ou os exemplos e dicas como as regras ou referências para o atendimento a esta.

 

O Manual de Boas Práticas para o Sistema de Gestão da Segurança teve como fonte de dados as diversas empresas que implementam ou implementaram o Sistema com apoio técnico da ABETA em parceria com o Ministério do Turismo e o SEBRAE Nacional. Os diversos exemplos e situações apresentados têm como base a realidade vivida por tais empresas.

SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA

Um Pouco de História

As atividades de aventura – expedições, turismo, esportes, educação ao ar livre, etc – sempre incluíram necessariamente medidas e ações relacionadas com a segurança dos seus praticantes e demais envolvidos. Essas medidas e ações seguiam abordagens variadas para a segurança, mas com o denominador comum de serem essencialmente preventivas. Eram, nos seus primórdios, baseadas na experiência com situações similares. Naturalmente, tinham um grande enfoque na experiência do pessoal envolvido, em especial nas lideranças das iniciativas. Os equipamentos e materiais utilizados desempenhavam um papel igualmente importante.

 

Mais recentemente surgiram diversas iniciativas para a sistematização das medidas e ações para a segurança, em especial, com a crescente inclusão dos conceitos de gestão de riscos. Passou a ser exigido em alguns países para a realização de algumas dessas atividades, por exemplo, a existência de um Plano de Gestão de Riscos.

 

Muitas dessas evoluções e aprimoramentos em relação à segurança reforçaram a abordagem preventiva e a necessidade de se planejar adequadamente a segurança. Naturalmente, mantinha-se a atenção à experiência e qualificação dos envolvidos e aos equipamentos, mas agora acrescentada de um componente de planejamento e com foco na organização da atividade. Várias dessas medidas foram, inclusive, adotadas na legislação de diversos países, seja para a prática de atividades de aventura, seja para o licenciamento de atividades de educação ao ar livre.

 

Houve também uma consolidação dessas evoluções em normas técnicas, seja em normas técnicas nacionais, seja em normas ou protocolos das organizações envolvidas com as atividades (como as organizações esportivas, as organizações que se dedicavam às atividades de educação ao ar livre etc). As primeiras normas, evidentemente, versavam sobre equipamentos e sobre alguns aspectos das competências dos condutores ou guias, em especial a sua formação.

 

No mundo da indústria, no último quarto do século XX, desenvolveu-se a ideia dos sistemas de gestão, inicialmente aplicados para se assegurar a qualidade dos produtos. Explicando a ideia, o que se fez foi mudar de uma abordagem de “controle da qualidade”, em que se ia controlando a produção – em especial, a produção final antes de fazer a entrega aos clientes –, para uma abordagem preventiva, com o objetivo de se produzir com qualidade, assegurando-se o resultado. Isso significava empenhar toda a organização na busca pela qualidade, de tal maneira que esse quesito não fosse um resultado ocasional da produção, mas, sim, um objetivo planejado e assegurado. Isso foi particularmente importante em setores industriais que não podiam estar sujeitos a erros, como as indústrias militares, aeronáutica e aeroespacial, a indústria nuclear e alguns outros segmentos produtivos.

 

Logo se percebeu que essa abordagem preventiva e planejada era aplicável a qualquer indústria, ou melhor, a qualquer atividade de uma organização. Percebeu-se, também, que a abordagem de sistemas de gestão não se aplicava somente à qualidade, mas sim a uma grande variedade de temas de preocupação de uma empresa ou organização. Assim, os sistemas de gestão passaram a ser utilizados para assuntos como o Meio Ambiente, a Saúde e a Segurança no trabalho, a Segurança da informação, a Segurança dos alimentos, enfim, um conjunto muito abrangente de temas.

 

Esses sistemas de gestão foram consolidados em normas técnicas, muitas delas de abrangência internacional, convertendo-se em ferramentas tecnológicas de comunicação e desenvolvimento setorial. Outro aspecto interessante é que a certificação de organizações com tais sistemas de gestão implementados possibilita que seus clientes, fornecedores, acionistas e outros interessados saibam que elas apresentam desempenho satisfatório e que atendem integralmente às normas estabelecidas.

 

Mais recentemente, desenvolveram-se normas técnicas genéricas para a gestão de riscos, sendo que a Austrália foi uma das pioneiras.

 

Considerando todo esse desenvolvimento e com o objetivo de tratar, com o mesmo cuidado, o fenômeno da segurança no Turismo de Aventura, é que se desenvolveu a iniciativa brasileira de normalização para o segmento. Essa iniciativa, que contou com o apoio do Ministério do Turismo e do SEBRAE, resultou no desenvolvimento de várias normas técnicas no âmbito da ABNT, que é o fórum nacional de normalização.

 

Dentre essas normas (*), conta-se um conjunto de itens genéricos, aplicáveis a qualquer atividade de Turismo de Aventura, alem de normas para modalidades ou atividades específicas.

(*) As normas brasileiras para o setor do turismo estão disponíveis apenas para compra, via download na Internet na página www.abntcatálogo.com.br.

normas de caráter geral:

ABNT NBR ISO 21103

  • norma de informações mínimas a serem fornecidas ao mercado (aos clientes ou aos potenciais clientes, antes de se ter realizado a venda do produto turístico).

ABNT NBR 15285 – Em fase de publicação e substituição para ABNT NBR ISO 21102

  • norma que estabelece as competências mínimas dos condutores de Turismo de Aventura (as competências necessárias a qualquer condutor, independentemente da modalidade em que é especializado. Um condutor com esta competência é apto a conduzir grupos de turistas em atividades simples de um dia de duração, como caminhadas. Os condutores especializados devem atender às normas específicas, além de obrigatoriamente terem que atender a esta norma).

ABNT NBR ISO 21101

  • norma que estabelece os requisitos de um sistema de gestão da segurança do Turismo de Aventura, que é o objeto deste nosso Manual.

Além dessas três normas, foi ainda publicada outra que estabelece as competências necessárias para os auditores que atuarão nesses sistemas de gestão e está ainda prevista uma norma de diretrizes para a implementação e desenvolvimento do sistema de gestão da segurança.

Antes de passarmos à explicação do que é um Sistema de Gestão da Segurança, cabe dizer que as normas são desenvolvidas por Comissões de Estudo da ABNT, constituídas por especialistas de determinado setor. A participação na Comissão de Estudos é aberta a qualquer interessado e quanto maior a participação, melhor será a norma resultante. Isso não foi diferente na normalização do Turismo de Aventura. Com o apoio do Ministério do Turismo, os trabalhos de normalização envolveram centenas de profissionais do Turismo de Aventura, por todo o país. A fase final do processo é a realização de uma consulta nacional pela Internet, em que todos os interessados podem se manifestar (*), o que torna o processo ainda mais participativo e aberto.

(*) Mais informações sobre o processo de normalização e as atividades do ABNT/CB 54 – Turismo podem ser obtidas em www.abnt.org.br e www.abnt.org.br/cb54.

O que é o Sistema de Gestão da Segurança?

Para entender um “Sistema de Gestão da Segurança” é preciso entender antes o que são “sistemas”, “gestão” e “segurança”, de forma isolada.

O que são “SISTEMAS”?

Um sistema é um conjunto de elementos organizados e inter-relacionados que possuem uma função conjunta específica. Cada elemento está geralmente relacionado a outro e terá sempre sua importância para o funcionamento do sistema de forma geral. Um bom exemplo é o corpo humano, que possui “subsistemas” como o circulatório, o digestório ou o nervoso. Se um elemento (órgão) desse sistema para de funcionar, o corpo entra em colapso, podendo até vir a morrer. Outro exemplo seria um automóvel, que possui um grande número de elementos (peças) que precisam sempre estar funcionando para que o carro ande. Muitas vezes uma peça muito simples pode parar o funcionamento do carro. Claro que existem inúmeros tipos de sistemas e um desses tipos é o “Sistema de gestão”.

O que é “GESTÃO”?

Gestão é o ato de administrar recursos e atividades com o objetivo de se alcançar um resultado pretendido.

A gestão, muitas vezes, é feita por processos. Processos são um conjunto de ações e atividades que transformam um conjunto de recursos num resultado.

Pode parecer óbvio, mas é importante destacar a importância da gestão para qualquer organização. A gestão deve ser sistematizada, o que justifica a existência dos sistemas de gestão. Muitas empresas já adotam sistemas de gestão informais, como sistemas de gestão financeira ou de recursos humanos.

Juntando os dois conceitos, de sistema e de gestão, podemos definir que um sistema de gestão é um “sistema para estabelecer política e objetivos, e para atingir estes objetivos”. Esse sistema envolve pessoas, recursos, a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e processos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter uma política específica de uma organização

O que é “SEGURANÇA”?

Segurança é a ausência de riscos inaceitáveis. Não é, entretanto, a ausência de todos os riscos, mas, sim, daqueles que se consideram inaceitáveis na sua operação.

 

Alguns riscos são inerentes à atividade e é praticamente impossível suprimi-los. As atividades de aventura em geral oferecem riscos, isso todos nós sabemos, mas é preciso entender que muitos podem e devem ser CONTROLADOS. De fato, a ideia de risco está associada a uma ideia de probabilidade e também a uma expectativa da gravidade das consequências razoavelmente esperadas. Assim, o controle ou tratamento dos riscos consiste na adoção de medidas que geralmente diminuem as probabilidades de que ocorram, as consequências deles ou que até possam eliminá-los.

 

Segurança está intimamente ligada ao conhecimento dos riscos existentes. Por outro lado, como a aceitação ou não de determinados riscos é uma opção de cada empresa, compartilhada com seus clientes, a segurança é sempre relativa. Essa característica é mais bem compreendida quando comparamos dois produtos de Turismo de Aventura distintos: um arvorismo para crianças em um shopping center e uma expedição ao cume de uma alta montanha, por exemplo. Apesar de podermos classificar os dois como “produtos de Turismo de Aventura”, os níveis de risco e de aceitabilidade de ambos são completamente diferentes.

 

Percebe-se então que, para o conceito de segurança, são importantes os conceitos de riscos e de gestão de riscos.

Gestão de riscos é a atividade de avaliar contínua e sistematicamente os riscos envolvidos numa atividade e tratá-los de maneira que se mantenham dentro de níveis aceitáveis. Naturalmente, a aceitação dos riscos, em primeiro lugar, é uma decisão da empresa, que decide quais deles pretende aceitar no produto que oferece ao cliente, e, em segundo lugar, é uma decisão do cliente, que decide expor-se ou não a esses riscos.

 

E o que é então um sistema de gestão da segurança em Turismo de Aventura?

 

Sistema de Gestão da Segurança é um sistema destinado a assegurar que a política de uma empresa em relação à segurança, traduzida em objetivos e metas, seja atingida, de maneira sistemática e consistente, por meio de um conjunto de elementos inter- relacionados. Isto quer dizer que a organização:

  • estabelece o que pretende em relação à segurança e o que quer alcançar
  • planeja todas as suas atividades que têm impacto na segurança de maneira a conseguir o que pretende
  • executa o que foi estabelecido em seu planejamento se assegurando de que os resultados pretendidos serão atingidos e de que os recursos necessários estarão disponíveis
  • monitora suas atividades para se assegurar de que os objetivos estabelecidos estão sendo alcançados
  • corrige eventuais desvios percebidos a tempo, introduzindo ajustes ou correções que se façam necessários

Isso resulta num ciclo em que se planeja, se faz, se acompanha, se corrige e se faz novamente.

Com isso, podemos afirmar que a segurança numa empresa de Turismo de Aventura não acontece por acaso!

Importância do Sistema de Gestão da Segurança (SGS)

A implementação de um Sistema de Gestão da Segurança sistematiza os processos que tornam as atividades de Turismo de Aventura seguras, incorporando a segurança na cultura e nos objetivos organizacionais das empresas. A segurança passa a ser realmente a “alma do negócio”, e não um discurso ou um resultado nem sempre consistente e permanente nas empresas. O SGS gera confiança, não só dos clientes para com a empresa, mas entre a empresa e seus colaboradores, parceiros e fornecedores, pois todos passam a ter certeza de que a operação é controlada e que se saberá como agir no caso de uma situação indesejada.

O Sistema de Gestão da Segurança tem na prevenção um de seus principais objetivos, ao apontar de maneira clara e explícita as situações que envolvem maior risco e as necessidades de melhoria, antecipando, sempre que possível, a ocorrência de eventos indesejados. Ao adotar uma filosofia preventiva, a empresa se prepara para situações muitas vezes não vividas ou até não imaginadas, conseguindo reduzir a níveis mínimos as probabilidades de ocorrência de incidentes e acidentes. Do mesmo modo, ao antecipar situações de perigo, a empresa se prepara para reagir a elas, reduzindo as consequências geradas e, em alguns casos, conseguindo fazer a diferença entre a manutenção da vida e um resultado catastrófico.

Dentro de um conceito de sistema de gestão, podemos destacar uma sequência lógica e eficaz que consiste em:

Essa sequência de ações acaba por gerar um mínimo de documentação que será tanto maior quanto mais sofisticada for a organização e complexos forem os seus processos.

 

A característica documental do Sistema de Gestão da Segurança garante maior eficiência no planejamento das ações e na disseminação dos procedimentos de segurança. Documentar não é burocratizar! Burocratizar seria criar documentos inúteis e processos morosos e ineficientes. Se isso acontecer, o sistema está falho.

 

Outra grande importância da documentação é resguardar a memória da empresa. A saída de um colaborador não pode comprometer a eficiência dos processos que garantem a segurança. Documentar é, ao mesmo tempo, formalizar, padronizar, comunicar e memorizar o que for relevante para a segurança das atividades de Turismo de Aventura.

 

É comum ouvir de empresários que o fato de possuírem uma estrutura enxuta de colaboradores dificulta o processo de implementação do Sistema de Gestão da Segurança. É comum ouvir também que, pelo fato de empresas maiores possuírem um número grande de colaboradores e procedimentos internos, a implementação torna-se um processo nada fácil.

 

Os dois pontos de vista podem ter sua cota de verdade, entretanto, a maior dificuldade na implementação do Sistema de Gestão da Segurança está relacionado ao foco. A ausência de foco atrapalha não só o SGS, mas a gestão financeira e administrativa, o dia-a-dia da operação, o planejamento futuro, enfim, faz com que a empresa não consiga alcançar de forma sustentável os objetivos a que se propõe. Assim, o que pode ser identificado com facilidade é que simplesmente os empresários não conseguem priorizar a construção e implementação do SGS. É importante perceber que o Sistema de Gestão da Segurança ajudará a empresa a se organizar e planejar de maneira equilibrada seu dia-a-dia e as ações futuras.

 

Também foi observado que empresários empenhados na construção de um sistema relataram a falta de tempo como uma das principais dificuldades para implementação das medidas. Tais empresários, entretanto, geralmente, no momento do planejamento, isolam-se para produzir um plano muitas vezes pouco exequível, ou seja, gastam grande parte do tempo nesta que é uma das fases mais importantes da implementação do SGS, sem obter os resultados esperados.

 

Em contrapartida, naqueles casos em que o sistema foi iniciado com a participação da maioria dos colaboradores, havendo contribuição de todos para a construção dos planos, os resultados são mais claros e objetivos. Mais pessoas pensando, planejando e se comprometendo com a execução ajuda a manter o foco e a vontade de colher os frutos de todo o esforço.

 

 

O Ciclo PDCA

Assim como outros Sistemas de Gestão, o SGS funciona na perspectiva do Ciclo PDCA, ou seja, Planejar, Implementar, Verificar e Agir (em inglês Plan – Do – Check – Act).

“PLAN” - PLANEJAR

O planejamento é a alma do SGS. Começa com a definição da sua abrangência, isto é, decidir e deixar claro quais são os limites do sistema: por exemplo, a que produtos turísticos ele se destina. É o primeiro passo para construção de um SGS. No processo de planejamento será construída ou explicitada a Política de Segurança da empresa, que demonstra toda a filosofia de comprometimento com a segurança, sustentabilidade e melhoria contínua de seus processos.

 

O planejamento é a fase de antecipar as necessidades e as medidas necessárias para que as atividades se desenrolem de maneira segura. Na fase de planejamento se identifica o que afeta cada atividade dos produtos turísticos e os procedimentos estabelecidos para uma operação segura. Também se identificam mudanças, melhorias ou mesmo a manutenção de processos que a experiência demonstrou funcionarem com sucesso.

 

A Política de Segurança da empresa será posta em prática por meio do estabelecimento de objetivos e metas. Para se assegurar que esses objetivos e metas serão mesmo alcançados, se fazem os programas de gestão. E o que são os programas de gestão? Simples, são o conjunto de ações necessárias para se atingir as metas. Sem planejamento, qualquer meta é um chute. A ideia central do Sistema de Gestão da Segurança (como de resto dos demais sistemas de gestão) é que os objetivos e metas sejam estabelecidos pela empresa e, assim, possam ser tomadas todas as medidas necessárias para se ter certeza de que serão atingidos – não por acaso nem por sorte, mas como resultado de um trabalho bem feito, sistemático e organizado. Assim, nos programas de gestão, cada ação tem um responsável, obedece a prazos, conta com recursos específicos e acompanhamento.

 

Para planejar, é preciso ainda conhecer os outros fatores que afetam as atividades do Turismo de Aventura. Lembre-se: só se pode agir sobre o que se conhece. Assim, dentre esses fatores há um conjunto importante, formado por requisitos legais e outros requisitos que afetarão diretamente o cotidiano das operações.

 

O respeito à legislação é uma obrigação da empresa, com ou sem SGS. Assim, conhecer a legislação relacionada à segurança do Turismo de Aventura é importante para que a empresa se mantenha em condições de operar de maneira segura e confiável. Além da legislação aplicável, podem existir outros fatores que afetem as atividades abrangidas pelo SGS, como requisitos e obrigações estabelecidas pelos donos dos atrativos onde elas se desenrolam. Quais são essas obrigações? É importante conhecê-las a tempo de se tomarem as medidas necessárias para cumpri-las. Outros requisitos são também os que estabelecem as normas técnicas para as diversas atividades. Enfim, faz parte do planejamento identificar os requisitos que afetam a nossa atividade de maneira a nos planejarmos para atendê-los.

E quais são os riscos envolvidos na operação?

É esse um dos focos centrais da Gestão da Segurança: conhecer ao máximo o que pode acontecer para se precaver e se prevenir. Assim, uma das etapas fundamentais da fase de planejamento é a gestão de riscos. A gestão de riscos inclui compreender a fundo as características da operação, identificando e avaliando as situações de risco a fim de diferenciar os riscos menores dos maiores e encontrar formas de tratamento desses eventos indesejados. A empresa define também o nível de riscos que aceita para a operação. Mais à frente, vamos discutir em detalhes esse assunto.

 

 A fase de planejamento também é o momento de sensibilizar e motivar os colaboradores, para que compreendam a importância de iniciar a Gestão da Segurança nas atividades e se sintam estimulados a contribuir com o próprio processo de planejamento.

 

Toda mudança encontra resistências e com o SGS não será diferente. A introdução do Sistema deve, sempre que possível e pertinente, ocorrer de forma participativa, respeitando-se os níveis de envolvimento de cada função/colaborador com a operacionalização das atividades e a segurança como um todo.

 

De modo geral, podemos afirmar que os processos de planejamento e gestão que se pretende implementar de maneira verticalizada, ou seja, por imposição, frequentemente não obtêm os resultados desejados. Mesmo na tentativa de colocá-los em prática, acabam sofrendo maior resistência do que aqueles estabelecidos participativamente. Isso influenciará diretamente a eficácia do planejamento e a sua implementação. Por outro lado, também é mostrado pela experiência que a implementação de um SGS sem o explícito e visível comprometimento da direção da empresa enfrenta algumas dificuldades, como a consequente falta de envolvimento dos trabalhadores e colaboradores.

Sem o envolvimento e comprometimento da direção, um sistema de gestão ficará bastante ameaçado!

“DO” – IMPLEMENTAR

Após o planejamento é importante implementar o que foi definido.

 

Já dissemos que as pessoas são pontos fundamentais da segurança no Turismo de Aventura. Para a implementação do sistema, isso também é verdade. Assim, para se ter uma operação segura, e, portanto, um sistema de gestão que assegure essa realidade, é necessário contar com profissionais competentes, cientes de suas funções, responsabilidades e autoridades dentro do processo, conscientes de sua importância para o sucesso do SGS e das consequências do não atendimento aos procedimentos de segurança e controles operacionais definidos pela organização.

 

Para uma implementação eficiente do Sistema de Gestão da Segurança, portanto, é necessário que sejam estabelecidas quais as competências necessárias para a operação segura e também que as diversas funções envolvidas sejam desempenhadas por profissionais competentes.

 

Essa competência pode ser adquirida por meio da educação (escolaridade), da experiência anterior obtida em outras operações, da qualificação externa à organização e dos treinamentos internos, que são necessários e indispensáveis à garantia da qualidade e da segurança.

 

Uma implementação eficiente exige ainda procedimentos para comunicação interna e externa, fazendo com que tanto colaboradores quanto clientes tenham todas as informações sobre a segurança, desenvolvam sua percepção sobre a implementação do Sistema e possam fazer consultas frequentes a esse conjunto de dados.

 

Um bom processo de implementação prevê ainda os eventuais contratempos ou infortúnios que podem transcorrer em uma operação de Turismo de Aventura. Também deve prever medidas de suporte e de ação em eventuais emergências, como planos e procedimentos, existência de pessoal capacitado, de serviços e de recursos disponíveis para o pronto atendimento, mesmo em áreas remotas ou de difícil acesso.

“CHECK” - VERIFICAR

Como em qualquer processo de Gestão, a Implementação requer Verificação,  ou seja, a avaliação pontual e generalizada do Sistema, identificando sua eficácia, eficiência, as dificuldades e as oportunidades de melhoria. O monitoramento periódico do desempenho do SGS contribui para realinhamentos, destaca pontos frágeis, evidencia elementos talvez ainda não percebidos, como no registro de acidentes, incidentes e não-conformidades, além de fornecer à direção da organização subsídios para uma análise crítica do Sistema.

“ACT” - AGIR

Todo processo, por mais eficiente que seja, poderá sempre ser melhorado. Após a Verificação do Sistema surge então a oportunidade de melhoria, a oportunidade de partir para a Ação revendo o planejamento, propondo mudanças ou a continuidade de procedimentos e controles que vêm dando certo. Essa etapa alimenta o processo de gestão, que de forma cíclica dá início a uma nova etapa de planejamento, implementação, verificação e melhoria do Sistema de Gestão da Segurança da empresa.

 

O sucesso do Sistema de Gestão da Segurança depende do comprometimento de todos os níveis e funções na empresa, em especial da direção. Esse modelo de sistema permite que uma organização estabeleça e avalie a eficácia dos procedimentos, desenvolva uma política e objetivos de segurança, atinja a conformidade em relação a eles e demonstre- os a terceiros.

 

 

Na medida em que a empresa adota a Gestão da Segurança como política e cultura de seu negócio, passa a sistematizar e controlar as suas atividades. Assim, incorpora práticas  de gestão de riscos para promover atividades de Turismo de Aventura de forma segura e responsável.

Sustentabilidade em Meios de Hospedagem

Norma Brasileira ABNT NBR 15401

Muitas iniciativas têm se desenvolvido com o propósito de promover o turismo sustentável. Entre elas, o desenvolvimento de normas que estabeleçam os requisitos mínimos para o turismo sustentável, aliadas a mecanismos de certificação, tem se destacado como uma das tendências mais presentes no mercado internacional, despertando o maior engajamento das partes interessadas.

Estas Normas estabelecem requisitos para meios de hospedagem que possibilitem planejar e operar as suas atividades de acordo com os princípios estabelecidos para o turismo sustentável, tendo sido redigida de forma a aplicar- se a todos os tipos e portes de organizações e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais, mas com atenção particular à realidade e à aplicabilidade às pequenas e médias empresas.

Nesse sentido, a adequada adoção de um Sistema de Gestão Ambiental, ou de práticas de gestão ambiental, ao segmento hoteleiro faz-se imperativo, destacando-se como oportunidade de gestão adequada de impactos, riscos e conflitos, como também, de posicionar-se meritoriamente no mercado, por meio do marketing socioambiental sem incorrer em passivo reputacional.

Normas para Meios de Hospedagem

ABNT NBR 15031:2004 – Turismo – Hospitalidade para supervisores e gerentes

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma descreve a competência de hospitalidade para supervisores e gerentes de organizações que interagem com o turista e indica os elementos que determinam o seu desempenho.

ABNT NBR 15284:2005 – Turismo – Motorista de taxi

Competência de pessoal Publicada em 31/10/2005

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para condutores de veículos tipo taxi que atuam em cidades turísticas.

ABNT NBR 15046:2004 – Turismo – Capitão-porteiro

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para porteiro que atua em meios de hospedagem, restaurantes, casas de espetáculos e similares.

ABNT NBR 15035:2004 – Turismo – Recepcionista em função polivalente

Competência de Pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para recepcionista que atua em função polivalente em meios de hospedagem.

ABNT NBR 15039:2004 – Turismo – Mensageiro

 Competência de Pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para mensageiro que atua em meios de hospedagem.

ABNT NBR 15042:2004 – Turismo – Chefe de Recepção

Competência de Pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para chefe de recepção que atua em meios de hospedagem.

ABNT NBR 15029:2004 – Turismo – Caixa

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para caixa que atua em estabelecimentos do setor de turismo (meios de hospedagem, serviços de alimentação e outro).

ABNT NBR 15033:2004 – Turismo – Manipulador que atua em de serviço de alimentação no setor

Segurança de alimentos Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma descreve a competência segurança de alimentos profissionais que manuseiam alimentos e bebidas em estabelecimentos de serviço de alimentação e indica os elementos que determinam o seu desempenho.

ABNT NBR 15027:2004 – Chefe executivo de cozinha

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados e as competências mínimas para chefe executivo ou gerente de cozinha.

ABNT NBR 15021:2004 – Turismo – Cozinheiro em função polivalente

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para cozinheiro que atua em função polivalente.

ABNT NBR 15022:2004 – Turismo – Churrasqueiro

Competência de pessoal Publicado em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para churrasqueiro.

ABNT NBR 15018:2004 – Turismo – Garçom em função polivalente

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para garçom que atua em função polivalente em pontos de venda ou serviços de alimentos e bebidas.

ABNT NBR 15047:2004 – Turismo – Camareira ou arrumador

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências para camareira ou arrumador que atua em meios de hospedagem.

ABNT NBR 15023:2004 – Turismo – Pizzaiolo

Competência de pessoal Publicada em 27/02/2004

Objetivo: Esta Norma estabelece os resultados esperados e as competências mínimas para pizzaiolo.

Relatório dos Acidentes

Relatório dos Acidentes 1

De acordo com a ONG Férias Vivas, projeto criado em 2007 para mapear os acidentes do turismo brasileiro e analisar a fundo sobre suas causas e medidas efetivas de prevenção, 93% dos acidentes de turismo acontecem por falta de sinalização sobre riscos.

A Associação Férias Vivas possui a coordenação da Comissão de Estudos de Gestão da Segurança, responsável pela principal norma de regulamentação do setor de turismo: ISO ABNT NBR 21101 – Sistema de Gestão da Segurança

A Associação Férias Vivas também informa em uma matéria para a Folha de São Paulo de 2019 que antes de viajar é importante contratar o serviço de seguro-viagem, mesmo que o turista não pretenda fazer atividades consideradas de risco. O seguro cobrirá gastos com consultas médicas, exames, internações, remédios e exames motivados por doença ou acidente, além de dar proteção para o caso de cancelamento ou atraso de voos, cobertura jurídica no destino, remoção – caso a condição de saúde obrigue a volta à cidade de origem – e transporte de corpo, caso o viajante morra. Quem for praticar atividades com risco presumido, como esportes de aventura (esqui, snowboard, montanhismo, mergulho e surfe, entre outros), precisa de um plano específico. Esse serviço é mais caro e tem cobertura maior do que o seguro regular.

Em agosto de 2019, houve um acidente em um brinquedo de parque de aventura em Nova Roma do Sul – RS, onde uma jovem quebrou a perna em uma das atrações do Eco Parque.

Em nota, o responsável pelo Eco Parque, Julio Cesar de Borba, lamentou o ocorrido.

“O trabalho com turismo representa a entrega de seu tempo e de sua capacidade em uma atividade capaz de levar novas experiências, novas relações, novos conteúdos e novos conhecimentos à sociedade. Dentro desse campo, decidir trabalhar com Turismo de Aventura é decidir colocar em prática o sonho de uma vida mais plena de natureza, de superações, de felicidade e compartilhamento. É sobretudo, proporcionar aos outros vivenciar experiências marcantes em suas vidas. […] Infelizmente nesse final de semana, depois de 19 anos de atuação da Cia Aventura e de 11 anos de atuação do parque, ocorre um acidente pela primeira vez e que nos causa profunda tristeza pelo ocorrido. Nesse momento, nos cabe em primeiro lugar prestar toda solidariedade e empenho junto às vítimas e suas famílias. Felizmente, uma das vítimas já está em casa e continuamos ao lado da família da segunda vítima ainda hospitalizada.

Cabe ainda colaborar para darmos toda atenção à perícia do equipamento para descobrir que possível falha possa ter ocasionado o acidente e corrigir qualquer probabilidade de um novo acidente.”

Relatório dos Acidentes 2

A necessidade de fortalecer a inserção do Brasil nos roteiros turísticos internacionais, levou o Ministério do Turismo a criar o Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura, para identificar os aspectos críticos da operação responsável e segura dessa modalidade de turismo, além de subsidiar o desenvolvimento de um sistema de normas para as diversas atividades que compõem o setor.

Diversos acidentes acontecem na área do Turismo de Aventura, onde os riscos são maiores pois, estamos sempre envolvidos aos limites da segurança. Com isso, fizeram a criação das normas para apresentar indicadores e caminhos aos empresários que queiram empreender nessa área, essas normas são usadas por certificadoras de hotéis, parques e resorts que podem garantir ao consumidor que a empresa segue padrões de qualidade e segurança.

No Brasil, temos 39 normas técnicas para o Turismo de Aventura, como por exemplo, caminhada, escalada, cicloturismo e mergulho.

Em 2017, ocorreu aproximadamente 544 acidentes (nem todos relacionados com turismo de aventura) com turistas no Brasil durante viagens de lazer e 303 terminaram em morte. Falha em equipamentos, falta de sinalização, imperícia e negligência de prestadores do serviço, estão entre as causas dos acidentes.

Existe uma ONG que dá apoio jurídico e psicológico a familiares e vítimas de acidentes que se chama “ONG Férias Vivas”, a história da organização começou quando a fundadora Silvia Basile perdeu a filha de 9 anos durante um passeio a cavalo em um resort em Alagoas, onde eles a colocaram em uma sela de adulto e ela não alcançava o estribo e então, colocaram o pé dela no louro, a sela rodou e ela ficou com o pé preso no louro e foi arrastada pelo animal, sofreu traumatismo craniano e ficou por isso mesmo. Depois de 10 anos Silvia afirma ter recebido apenas 1/4 da indenização pedida pela morte da filha. Hoje, o trabalho dela é dedicado à ONG.

Outro acidente que ocorreu, foi com o radialista Ricardo Hill, de 43 anos, morreu em uma das atrações do Beach Park (atividade não é considerada como uma das 25 atividades reconhecidas pelo Ministério do Turismo como sendo específica de Turismo de Aventura), um dos maiores do mundo, na região metropolitana de Fortaleza. A reportagem da BandNews FM pediu entrevista ao Beach Park. No entanto, a empresa só se pronunciou por nota. No texto, dizem que as normas de segurança e recomendação para os visitantes sobre cada atração são apresentadas na entrada e que todo o time participa diariamente de treinamentos com as equipes de segurança e primeiros socorros.

A nota destaca ainda que, semanalmente, todos são avaliados e auditados por uma empresa líder na indústria internacional de segurança aquática e gerenciamento de riscos. Os funcionários do parque seguem os protocolos de segurança e as recomendações do fabricante do brinquedo e avaliam a altura e o peso antes da descida. São feitas também, segundo a empresa, duas triagens através de perguntas dos instrutores para os clientes: a primeira de altura, logo na entrada da atração. E a segunda de peso do grupo que vai descer nas boias.

A segurança no turismo de aventura envolve os prestadores de serviços, os clientes, procedimentos, sistemas de gestão das empresas prestadores de serviços, logísticas locais para buscas e salvamentos e atendimentos médicos, dentre outros. Para que os riscos sejam minimizados é necessário um investimento na capacitação dos profissionais, empresas e também o uso de equipamentos seguros.

O grande desafio neste momento é conscientizar as pessoas ligadas ao turismo de que o registro de acidentes é importante na profissionalização da atividade. Para poder evoluir, é preciso definir prioridades e estratégias de mudança, fazendo com que os fornecedores de serviços turísticos assumam o papel que lhes cabe neste cenário de franco desenvolvimento, encarando os problemas e compartilhando as conquistas na certeza de

que construiremos novos caminhos para que milhares de vidas sejam respeitadas e preservadas. Com base na análise de alguns casos, temos resultados sobre a quantidade de erros de operação envolvidos nos acidentes. Conclui-se que 49% dos casos envolveram algum grau de imperícia do profissional contratado, enquanto que 70% dos acidentes ocorreram por negligência do prestador de serviço. O descaso com equipamentos de proteção também é grande, principalmente se considerarmos as falhas no uso (57%) e a ausência de equipamentos de proteção (77%). Infelizmente, 93% dos acidentes ocorreram em lugares sem qualquer sinalização de risco. É necessário ações de sensibilização e de apoio para implantar algum programa de qualidade e segurança do turismo no Brasil para a diminuição dos acidentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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